Brexit e o efeito dominó

Nesse artigo irei analisar a sucessão de eventos dessa nova direita nacionalista-populista que está atropelando a elite global.

1) Brexit

O Brexit resultou na saída de um dos três maiores países da União Européia. Com o projeto europeu reduzido a uma corrida anexionista do leste-europeu contra a Rússia, o Brexit não poderia ter vindo em pior momento.

Com a saída do Reino Unido, o apelo do projeto europeu colapsou, um bom exemplo é a Turquia, que já vaticina desistir de adesão, depois de vitimada com tantas chantagens e exigências em seu processo.

2) Trump

Se o Brexit um bomba no coração da Europa, Trump foi uma bomba no coração do mundo. Ele inverte toda a geopolítica vigente no conflito sírio, ucraniano, nas relações com a Rússia, Irã, no status da OTAN, destroi toda a estratégia econômica de contenção russo-chinesa com o fim dos tratados transatlântico e transpacífico. Ainda não sabemos o que será o governo Trump de fato, mas já prometeu que anulará o TPP no primeiro dia de governo e não recuou um centímetro da normalização com a Rússia.

3) Fillon ou Frexit?

Fillon foi outro revés forte no estabilishment global, mas sem muito destaque na esclerosada mídia dominante. O candidato que estaria em terceiro em todas as pesquisas, ganhou o primeiro turno das primárias da centro-direita francesa com mais de 40% dos votos, e agora, mesmo para tais sondagens duvidosas, teria 70% de votos no segundo turno.

A ironia é que ele não é só pró-Putin, mas amigo pessoal de Putin, o que significa que o próximo presidente francês será ou um pró-Putin (Fillon) ou uma pró-Rússia (Marine Le Pen) defensora de um Frexit.

4) Renzi referendado

Na Itália, o atual primeiro ministro prometeu que se demitiria do cargo caso sua reforma constitucional não vencesse o referendo, segundo as mesmas sondagens viciadas de sempre, e mesmo nelas, ele vai perder. O problema é que os partidos italianos melhor colocados nas sondagens - Movimento Cinco Estrelas, o Força Itália e a Liga do Norte - defendem saída imediata da Zona Euro, que além do impacto político, resultaria em forte dano ao próprio Euro como divisa, podendo sofrer forte desvalorização.

5) Nexit

Na Holanda, o Partido da Liberdade, que defende um Brexit holandês, liderava em Janeiro com 40% dos votos. Os holandeses já deram um “Não” a União Européia ao rejeitar o Tratado Constitucional, e em seguida rejeitaram em peso a adesão da Ucrânia em referendo, sabotando toda a estratégia expansionista anti-russa. As próximas eleições holandesas ocorrerão em 15 de março de 2017.

6) Merkel, o último dominó…

Com uma sucessão tão feroz de avanço dos eurocéticos, é provável que repercuta forte na Alemanha, o centro de poder da União Européia, fazendo com que o partido AfD, que teve nas eleições regionais grande expansão, consigam um número suficiente para se tornar governo. É realmente incrível supor uma união européia sem Inglaterra e França, mas sem Alemanha, ela perde a sua coluna vertebral. É nesse ponto em que o efeito dominó irá se tornar em um imenso House of Cards.

O projeto europeu vai virá pó de um modo que seria inimaginável a pouco tempo atrás. Mas as elites são assim, se envenenam com sua própria hubrys, mesmo depois de Bonaparte e Hitler, não se cansam de tentar o mesmo. Podemos ver que a doutrina da “terra arrasada” venceu mais uma vez, mas dessa vez, de modo bem inusitado e bizarro, com o próprio exército invasor destruindo seu próprio terreno.

Quem mandou brincar de expansionismo contra a Rússia? Foi o Obama? Foi Hillary? Foi George Soros? Saudações trumpistas, para vocês…

 
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