Será bom o Governo Trump? Para Paul Krugman, sim!

Paul Krugman, ferrenho eleitor de Hillary, lançou um artigo-vacina para avisar aos seus (e)leitores que todas as previsões catastróficas contra Trump não se realizariam de imediato, e que talvez, poderia até melhorar a economia em curto prazo, como ocorreu no pós-Brexit, concluindo que as profecias apocalípticas dos mercados, das mídias, dos economistas, das celebridades, e dele, só se cumpririam no longo prazo.

Mas como diria Keynes, o guru de Krugman, “no longo prazo, todos estaremos mortos”. Sobretudo, estarão mortos os crédulos da velha mídia, que não poderão estar vivos nesse futuro distante inatingível para constatar o quanto estavam ludibriados.

Krugman nos diz, a contra-gosto, que sim, o governo Trump pode dar certo no curto e médio prazo, isto é, durante os 8 anos, no caso de reeleição. Mas tal reeleição ocorreria, já que, segundo o próprio Krugman, Trump seria bem sucedido no curto-prazo de seu primeiro mandato.

FECHANDO A CONTA DO GOVERNO TRUMP

Mesmo um anti-trumpista reconhecer as chances de um bem sucedido governo Trump não é suficiente. Trump tem uma conta difícil: cortar fortemente impostos + aumentar investimentos públicos + diminuir a dívida (ou pelo menos não aumentá-la tanto quanto Obama, como argumento eleitoral). Essa conta não fecha, a não ser caso consiga aplicar suas heterodoxias que tanto escandalizaram o estabilishment global.

Se ele conseguir o que propôs na campanha, que os aliados americanos paguem pela proteção militar, e ainda o novo reset com a Rússia, diminuindo as pressões por gastos militares; tal economia fecharia boa parte da conta.

Se barrar a imigração poderia, indiretamente, valorizar os salários nos EUA através de menor concorrência no mercado de trabalho, empurrando o aumento do consumo contra as pressões deflacionárias. O corte em impostos compensaria os custos com essa mão de obra mais cara, fornecendo seu próprio pacto social entre o trabalho e o capital.

Outra receita é o seu protecionismo, com maiores tarifas de importação, a receita fiscal cresceria ou até mesmo estimularia a repatriação fabril.

A mais importante das novas fontes de receita seria o crescimento, caso consiga com os estímulos de consumo, menos impostos e mais investimento público, teria tanto mais receita quanto popularidade.

MAS COMO FICA A INFLAÇÃO?

Por outro lado, maiores tarifas de importação, salários mais altos e mais gastos públicos, podem não só derrotar a deflação, quanto provocar inflação. Porém, esse argumento só é razoável se cumprir as premissas:

1) os efeitos inflacionários serem surtidos ainda em seu mandato, nada garante que, dada as pressões deflacionárias atuais, isso ocorra;

2) ônus político da inflação ultrapasse o bônus político do crescimento, já que a inflação prejudica mais o capital do que o trabalho;

3) a demanda do Dólar como moeda de reserva internacional não absorva as pressões inflacionárias, pois os QEs, mesmo gerando uma maciça oferta de moeda, sequer retirou o país da deflação.

O PROBLEMA NÃO É TÉCNICO…

Como demonstrado aqui, e respaldado por um prêmio nobel anti-trumpista, o governo Trump dará muito certo, e digo isso com ainda mais antipatia do que o Paul Krugman. Mas, apesar de também “esquerdista”, algo essencial me distancia de Krugmam, eu acredito na verdade, já ele compartilha a crença goebeliana do estabilishment ocidental de que a opinião pública é meramente um receptáculo passivo de propagandas.

Contudo, do ponto A (governo Obama) para o ponto B (promessas de Trump), apesar de tecnicamente sem impedimentos, politicamente demanda não menos que uma revolução. A eleição de Trump já foi uma, mas o governo Trump precisará de outra para sair do papel. Como um conservador Bismark que utilizou meios revolucionários, segundo Engels, para modernizar a Alemanha, Trump precisará de verdadeiros revolucionários para derrotar os cartéis de lobistas e mídias mainstream.

Conseguirá? Quando dependia menos dele que do povo, essa “revolução” foi muito bem sucedida sob condições extremamente difíceis, agora, mesmo detendo a mais poderosa máquina estatal e com vários críticos convertidos em bajuladores, como depende apenas dele e de sua equipe, sou mais cético. A eleição acabou, em outras palavras, a democracia foi suspensa. Virão agora acomodações e cooptações, muito provavelmente.

A democracia serve como amortecedor e mesmo sabotador, em alguns casos, de uma escalada revolucionária, mas ainda assim, apesar disso, a vitória de Trump colapsou as convenções ocidentais, não podemos subestimar isso com os mesmos conceitos colapsados.

O interessante nesse processo, precedido pelo Brexit e que provavelmente, terá na França, uma Marine Le Pen como próximo capítulo, é a criação de uma nova direita, que pouco tem a ver com o “esnobismo” do alt-right. É uma nova direita anti-elitista, anti-globalista e anti-militarista que está derrotando a velha direita elitista, globalista e militarista nos EUA e na Europa. Ela embaralha as cartas ideológicas do velho espectro, e tem também nas esquerdas seu fenômeno, através de Corbyn e Sanders. E que, de modo muito mais acidental do que intencional, tem na aliança com a Rússia um traço geopolítico cada vez mais enraizado na sua ótica.

O establishment os desqualifica como extremismo e populismo, mas os partidos abertamente neonazis que compõe o governo pró-ocidental ucraniano e mesmo toda a tradição populista-conservadora européia, nunca assustou essa hipócrita imprensa “humanista” liberal, provavelmente porque não rompem, como essa nova direita faz, com a globalização.

Mas sorria, eles estavam certo, é o fim do mundo, o fim do mundo deles, agora estamos entrando em terreno desconhecido, um novo mundo.

Será melhor? Se frear a escalada insana de uma guerra contra uma potência nuclear como a Rússia, já será melhor. Que como bem alertado por um cientista realmente sério (Albert Einsten), se trata de uma ameaça a espécie humana e o planeta bem muito mais palpável e crível do que essa histeria cafona e cretina sobre o “aquecimento global”.

Adeus New Labour, adeus New Democrats, adeus neoliberais, adeus neconservadores, adeus Brezinskys, adeus Bushs, adeus Clintons, adeus Globo, CNN, adeus velha direita, que a terra lhe seja leve! E que Deus tenha piedade desse mundo para que não voltem nunca mais!

UPDATE! Putin leva mais uma: Fillon, o candidato mais pro-Putin e anti-EUA da centro direita francesa, contra todas as sondagens e mídias, ficou em primeiro lugar no primeiro turno das primárias com 40% dos votos, enquanto todos noticiavam que ficaria em terceiro… Surpreendente?

A surpresa é o novo normal…

 
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