Getúlio se foi com um tiro no peito, Lula com um tiro no pé…

Com a candidatura do Lula, a esquerda vai do trágico tiro no peito de Getúlio, para o tiro no pé de Lula. Com as eleições de 2018, o Lula só tem duas opções péssimas, perder, e sepultar a única coisa que sobrou de tudo aquilo que ele cedeu em nome de seu fanático pragmatismo, sua aura de potência eleitoral, ou ganhar, o que será ainda pior, pois com uma composição parlamentar menor do que teve Dilma e vítima de um ódio muito mais visceral por conta de sua origem pobre, um novo impeachment fraudulento contra ele pareceria aí como o melhor do mundos.

Mas o PT não consegue ver nem mesmo a um palmo do seu nariz, nem mesmo quando a realidade é esfregada em sua cara. A única coisa que o PT acredita é no milagre da democracia, e quando esse milagre parir um Bolsonaro, assim como pariu um Hilter, um Mussolini ou um Trump, e por fim sair da sua utopia democratista, já estarão presos ou mortos.

O fato trágico e verdadeiro é que nossa esquerda é completamente acéfala e acrítica, simples assim. Já não se trata de não ter estratégias, não há nem rascunho de tática, é tudo intuição, como se o carisma e a identidade fossem portadora de poderes cósmicos. O PT ganha mal e perde pior ainda. É o saldo dos muitos milhões que votaram em um partido e uma liderança que nunca esteve à altura de seu papel histórico.

Mesmo com todas injustiças, abusos, mentiras, ilegalidades e perseguições que eles sofreram, não podemos esquecer que foi Dilma que iniciou o ataque aos direitos trabalhistas, sob inspiração de Lula, como última tentativa de apaziguar com as elites (pensões). Não podemos esquecer que o açougueiro de Temer, Henrique Meireles, era o preferido de Lula. Em suma, não podemos esquecer que os algozes do PT e do Lula foram escolhas deles, mesmo contrariando aos seus eleitores. Ao fim, o arrogante pragmatismo se provou um retumbante fracasso alimentado por uma crença delirante em democracias capitalistas regidas sob messianismo popular.

E todos continuam crédulos.

Se o Lula e a cúpula do PT, mesmo depois de tudo que aconteceu, insistirem em permanecer de olhos fechados, ironicamente, será o Moro, o mais crápula entre seus muitos algozes, que ao decidir prendê-lo, porque sim, basta ele decidir, será sua tábua de salvação contra seu tiro no pé suicida. Porque só Moro consegue ser mais previsivelmente reativo que o Lula. E é isso que o PT ou Lula não entendeu, ser reativo não é apenas ruim, é burro, porque facilita para seus adversários.

Gostaria mesmo de acreditar que o Lula fosse tão esperto que estaria intencionalmente provocando o Moro para o colocar na prisão, e assim, se livraria da arapuca de 2018 com estofo moral de um mártir. Mas Lula e o PT já deu provas que sua reatividade e miopia não conhecem limite, critério ou vergonha. O Moro o persegue e ele reage promovendo a candidatura, ameaçam derrubar a Dilma, e ele reage ameaçando se candidatar, a história se repete. Difícil saber se todo reacionarismo é obra própria do Lula, ou é algo mais difuso em todo o PT.

O mais trágico não foi o desfecho desse impeachment farsesco, o mais trágico do ocaso do PT é que não só não se aprendeu absolutamente nada com tudo que ocorreu, como ainda sabem muito menos do que antes.

 
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