Neoudenismo agora, nesses dias de golpismos obscenos…

Já está claro o que a direita fará até o último dia de mandato de Dilma, é desestabilização sem fim, manchetes cada vez mais delirantes, sem parar, sem alívio. Estão correndo contra o tempo, pois as mídias estão sendo engolidas pela internet, estão com audiência, publicidade e influência em queda livre. A agência de subornos da CIA sofre a crise do império frente a ascenção da China comunista. A corrida contra o tempo não é uma opção ou escolha para eles.

Imagina o quanto custa a seus editorialistas incasáveis o abraço de Obama no Raúl Castro depois de tantos anos de propaganda anti-Cuba.

A questão é mesmo o que fazer? O que podemos fazer quando a Globo divulga a exaustão meia dúzia de paneleiros enquanto oculta greves gigantescas de professores em estados governados por tucanos? O que fazer já está sendo feito. A questão é que não temos recursos, não se criou recursos para combater essa máquina de propaganda, tudo que foi feito em relação a isso é a inércia do avanço da internet e suas mídias sociais, e mesmo agora ainda se trata disso.

Nesse tempo tudo que o PT conseguiu produzir foi uma promessa de lei de meios, regular como faz a Europa, infestada de mídias financiadas oficialmente pelo governo americano com seus braços em ONGs que supostamente deveriam ser “não governamentais”. A lei de meios nunca passou ou passará, graças a deus, pois as velhas mídias culpariam essa lei por sua decadência, convencendo seus lacaios a redobrar o ódio ao PT. O que não o PT, mas toda esquerda deveria ter feito é o óbvio, fazer jornais, bons jornais, com bons profissionais, com muito conteúdo, com boa forma, só isso… mas essa mentalidade bolchevista hierarquica que esnoba o sindicalismo em favor de um partidarismo messinânico nos levou a inércia… e Lula está sempre um passo a frente, sempre exortando a participação política.

Nem mesmo Karl Marx, que era um jornalista, a parte principal de sua militância, nos serviu como sugestão… Nem mesmo Chomsky, martelando diuturnamente que as mídias realizam na democracia o que os militares realizam na ditadura, nada disso nos abriu os olhos, era apenas lei de meio e abaixo a rede Globo. Qual a comissão de inteligência que o PT criou para ao menos articular algo parecido com uma defesa, quando o próprio Secom é um braço das mídias patronais antipetistas. Não importa se é na Secom ou se haveria um cargo formal, o importante é reunir toda inteligência de esquerda para se defender e se articular das ofensivas da mídia, just in time, como eles fazem… responder e responder bem a cada ataque…

Uma das armadilhas que a direita trama abertamente é forçar o Lula ser candidato, pois encontram aí duas chances: 1) derrotar eleitoralmente o Lula para destruir sua imagem, 2) caso ele vença, Lula dificilmente terminará com a popularidade que terminou, e farão disso uma grande manchete.

Não se trata de uma questão de arriscar ou não, o PT tem Haddad, é o mais preparado e capaz de realizar o debate político no momento. Ele venceu Serra contra todas as mídias em plena capital de São Paulo e durante o julgamento hiper-midiático do Mensalão. Haddad reúne as qualidades fundamentais e está provado como o mais capaz para retirar os trabalhadores da defensiva. O Lula ser candidato é um suicídio, puro e simples, abertamente instigado por quem quer destruí-lo.

Mas quem me ouvirá? O PT ouve bem as mídias patronais, não ouve sequer a meia dúzia de blogs progressistas com boa audiëncia que fazem uma resistência heróica nesse cerco. Sim, ele são limitados, com poucos recursos, não esperemos vencer os canhões da Globo com estilingues, minha esperança é que sejamos como os vietnamitas, que venceram porque não desistiram, porque resistiram mesmo morrendo 10 vezes mais do que o exército americano.

Mas o que mais me aflige é que nesse momento, no PT, nas esquerdas e entre os trabalhadores, não há nenhuma articulação, nenhuma organização, nada, que esteja atuando hora-a-hora, dia-a-dia, como eles fazem, para se defender. E quem acha que tudo isso é apenas contra o PT, basta ver quem está do lado da terceirização. Vi hoje que Marcelo Freixo desceu a lenha no PT, culpando o PT por se “render a governabilidade”, como se o PT o fizesse por renúncia ou prazer, ele sabe, mas prefere apelar para a ignorância, que nenhum governo é sustentável sem maioria, aliás, a crise que Dilma tem hoje é justamente causa disso. Mas o PSOL prefere o oportunismo barato, e estamos falando de um dos partidos de esquerdas mais importantes que temos hoje.

De que modo os ataques do Freixo ajudam ou atrabalham os planos de desestabilização dos conservadores, eis a questão. E para o PSOL isso sequer é uma questão.

A direta está unida, em uníssono, dos integralistas aos neoliberais, passando por Bolsonaro e FHC, todos unidos, sem nenhuma rusga, reacionários, conservadores, oportunistas, alienados, cavalos batizados de toda espécie. E o que acontece na esquerda? Vem um sujeito do PSOL dizer que a culpa é da vítima. Se pudéssemos exumar nossa esquerda desde Tiradentes, o diagnóstico estará na nossa cara: traição. Silvério dos Reis, Felinto Muller, Carlos Lacerda, FHC, José Serra, Marina Silva, Eduardo Campos, Marta Suplicy. Todos ex-esquerdistas, todos salvadores a pátria da direita.

Talvez a esquerda brasileira deveria fazer uma espécie de teste de lealdade em cada membro, em cada parlamentar, em cada militante, a cada minuto, sob situações de estresses, porque o custo que os trabalhadores pagam pelos traidores é uma tragédia. O mínimo seria o governo ter condições de responder cada mentira com verdades, não deixar nenhuma mentira sem resposta, mas talvez essa trivialidade já seja tarde demais, muitas pessoas passaram muito tempo convivendo com essas mentiras sem respostas, já acreditam nelas como uma fé, estão arraigadas nelas. E uma mentira repetida vira verdade. O mínimo que podemos é reagir mais rapidamente e quem sabe um dia, possamos sair da defensiva.

A mentira tem pernas curtas, mas se a verdade permanecer parada, a mentira estará sempre a sua frente. Óbvio que cada reposta do governo, ou do PT, ou das esquerdas, ou virão acompanhadas de uma contra-resposta sem réplica nas velhas mídias, ou se não houver réplica serão censuradas. Mas a tática é uma tática de resistência, agua mole em pedra dura, não se trata de vencer o JN amanhã a noite, se trata de vencer a direita nas eleições que se seguirão, até a crise capitalista nas grandes potências comecem a dar frutos políticos, como o Syriza e o Podemos, e o contexto político internacional se torne mais favorável para que a América Latina saia da defensiva.

 
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