Reinaldo Azevedo caiu! Ou sobre o belo lirismo da ironia…

A blogosfera de esquerda, depois de um dos mentores intelectuais do udenismo tucano fascistóide cair na própria armadilha, ao invés de ironias (salvo míseras exceções), temos ingênuas declarações de solidariedade. Fico imaginando como Reinaldo Azevedo deve estar lendo tais “blogs sujos”, como sua laia rotulava a blogosfera progressista, deve ser um misto de espanto e deboche: como essa gente não tem hombridade, depois de tanto lhe cuspir na cara, agora me oferecem beijos!

O que pretendem com isso? Assediar um tucano desmascarado para mudar de lado, como fez o Tijolaço oferecendo seu blog para o Reinaldo Azevedo (sim eu sei, ele pode alegar ironia, apesar do tom não sugerir, uma ironia tem de ter alguma graça, não?). Talvez admirem a destreza literária de falacioso tucano, mas lamento, ele não vai trocar suas bem pagas credenciais tucanas por um puxadinho esquerdista. No fundo imaginam talvez um duelo moralista sobre princípios e valores, como se o abstrato “Estado do direito” tantas vezes evocados ultimamente pelo RA fosse algo mais do que uma falaciosa apologia da posições e interesses do partido daquela sua “fonte sigilosa”.

O que esses ingênuos fetichistas do juridiquês não conseguem entender, embriagados pela retórica do próprio RA, é que tais mensagens revelaram não um crime, mas uma farsa, a farsa do próprio jornalismo republicano que essa mesma campanha pró-RA esquizofrênica de solidariedade esquerdista busca exaltar. Esse esquerdismo utópico que proclama o jornalismo ideal será sempre vítima do jornalismo real.

Sua virada do udenismo ao legalismo no governo Temer, mesmo agora, para ódio da dita “direita chucra”, acusando abusos contra Lula, revelava apenas aquilo que as mensagens revelaram, que sua mudança se devem ao fato das investigações terem alcançado seus patrões e se aproximado dele. E isso não é uma hipótese, não é uma ilação azevediana, nem uma teoria conspiratória, como a de que RA desenvolvera a respeito da queda de Temer, isso é exatamente o que as mensagens mostraram. Todas suas loas anti-petistas e pró-tucanas não se fundavam, como ele alegava, em princípios jurídicos ou valores civilizacionais, mas em relações política pessoais com um determinado partido. Definir a conversa entre Andrea Neves e Reinaldo Azevedo como uma “relação normal entre jornalista e fonte” só é possível para quem não leu, não sabe ler ou teve êxito em extrair valor jornalístico na mútua troca de citações poéticas ao telefone.

Se o Lula quiser ser grande, deve renunciar a candidatura, justamente para ter a iniciativa, e não deixar a iniciativa ao Moro de o prender às véspera da campanha presidencial, um fato que ninguém duvida que ocorrerá. O PT foi o último no país a acreditar na permanência de Dilma no poder. Se o PT ainda não percebeu que não há mais Estado de Direito, sua melhor alternativa será perder para Bolsonaro-2018. Já que a melhor propaganda contra a direita é um governo de direita, que o diga Temer e o PSDB.

Claro, ocorre algo mais do que uma solidariedade de uma lamentável esquerda fleumática, acéfala e franzina do pacto de classes que representou o PT e que teve seu papel histórico, mas que se esgotou. O fascismo e a extrema-direita que RA passou a criticar apenas após a usurpação de Temer, visava desqualificar críticas conservadoras ao Temer, e não preservar o Estado de Direito contra aquilo que incentivou sem escrúpulos enquanto PT era governo federal. Ele mais do que chancelou todos os abusos judiciais contra Lula, Dirceu, Delcídio e qualquer outro petista, enquanto favorável ao seu “partido-fonte”. Se hoje temos uma ditadura judicialesca (ou policialesca) não nasceu hoje quando o tucanismo de RA foi desmascarado pelas gravações vazadas, nasceu quando José Dirceu foi condenado sem provas por vias de um doutrina jurídica cujo uso foi desautorizado pelo próprio autor da doutrina. Alí morrera qualquer vestígio de legalidade… Isso é algo que RA não pode e nem vai recuar, portanto, ele é refém de sua criatura.

O que a revelação das conversas com Reinaldo Azevedo acabou não foi o Estado de Direito, mas o pacto de blindagem tucana entre setores dominantes das elites que prefere hoje, como acusa o próprio RA, alguém de fora de partidos já que segundo as pesquisas o PSDB já não é mais um anti-petismo viável e o bolsonarismo é completamente doito. As elites preferem manter as aparências com alguém mais douto, algo como um juiz.

No final das contas o que importa é a Globo. A Globo é o poder de fato, executa, legisla e julga direta e indiretamente, através de seus interesses. Nesse país do futuro que se tornou um país sem futuro, certa rede de televisão se tornar de fato a nossa monarquia absoluta.

 
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