Sanders-Corbyn: Reagan-Thatcher do neosocialismo?

Tsipras, Iglesias, Bernie Sanders, Jeremin Corbyn, quem será a próxima peça do dominó? O New Labour, esse produto autoral de Margareth Thatcher, como ela próprio afirmou, está em cheque. Todas as forças se reúnem para expurgar sua embriogênese, seu “espectro assombra a Europa”. Ao que parece, pela primeira vez, os efeitos da crise de 2008 começam a provocar seus anticorpos políticos, seus “radicais livres” alcançam o centro capitalista. Todo o intenso bombardeio midiático parece não surtir mais efeitos na contenção, os diques psicológicos se romperam.

A eleição de Corbyn é matematicamente certa, ajudado pela impopularidade da principal oposição interna (Blair e os blairistas) que apenas reforçam ainda mais suas chances. A histeria da imprensa britânica também dá a ele ainda mais projeção e destaque do que teria. As circunstâncias conspiram cada vez mais a favor, quanto mais forças conspiram histericamente e desesperadamente contra ele.

O primeiro ato dessa reação em cadeia foi Bernie Sanders. Ao se assumir abertamente socialista, crescer nas pesquisas e alcançar grandes multidões em plena pátria do capital, quebrou o tabu contra o socialismo no ocidente, vitalizando Corbyn. No afã de exorcizar a inclinação esquerdista da era de Ed Milliband, toda imprensa culpou o “extremismo” do Ed Red por sua derrota eleitoral, os candidatos a líder trabalhista se renderam ao New Labour, todos exceto um: o próprio Corbyn.

Mas sem um Bernie Sanders nos EUA, não estaria agora completamente isolado, difamado e atropelado pelo bombardeio midiático que está sofrendo agora? Não é possível predizer, mas uma coisa é certa, essa sinergia com Sanders o beneficiou sem dúvida.

A indicação de Bernie Sanders como candidato democrata, sucedida pela vitória de Corbyn na disputa pela liderança trabalhista, pode formar uma nova hegemonia ocidental, tal como houve com Thatcher-Reagan. Isso desmantelaria todo o caldo reacionário-conservador sedimentado na mítica de copiar o “mundo livre, primeiro mundo, ocidente”. Talvez, Corbyn-Sanders dê ao mundo um neosocialismo, em oposição ao neoliberalismo fracassado de Thatcher-Reagan.

Tudo isso é muito especulativo e cedo, claro, as chances deles são mínimas, mas são ainda melhores que Obama e Tsipras tinham na mesma altura em que agora ambos se encontram na luta eleitoral.

Haverá menos pressão sobre eles por estarem no centro do capitalismo do que houve contra um Chavez ou um Tsipras? É difícil de afirmar, aparentemente, há mais civilidade e honestidade no trato do que há com candidatos socialistas na periferia econômica.

Saberemos que se trata de uma nova hegemonia global quando ouvirmos falar de um Corbyn alemão. Contudo, a Alemanha ainda brinca de dama-de-ferro pregando a supremacia fiscal do povo alemão, já que a supremacia racial ficou meio difícil depois da derrota em Stalingrado.

O mais importante é que pela primeira vez a Europa e os EUA estão nos oferecendo sinais esperançosos de que a Contra-Reforma de Pinochet-Thatcher-Reagan seja finalmente não só derrotada, mas revertida.

Nesse mundo a beira de uma nova guerra-fria, espionagem global, drones ilegais mantando sem mantado judicial, sabotagens econômicas, neonazistas em Kiev, imprensa descaradamente mentirosa, é difícil aceitar um boa notícia como uma esperança, então, é melhor não perder seu saudável, ativo e lúcido desespero.

 
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RE: o liberalismo suíno…

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