Inflexão ...

Page 4


A burra, patética e irracional campanha Anti-Corbyn

Nos últimos dias a imprensa européia em geral e a britânica em particular entrou em desarranjo total, gritando, gemendo e chorando contra a provável e irreversível vitória de Corbyn. Qual o argumento unânime: a vitória de Corbyn irá destruir o Labour. Hora, se a vitória de Corbyn destruir o Labor, então ele irá destruir a si mesmo, irá perder as próximas eleições (como perdeu Ed Red) e os conservadores continuaram no poder, e em seguida ele terá que renunciar a liderança. Então, qual o problema?

É patética porque já ultrapassou todos os limites do ridículo essa vociferação apocalíptica sobre mera eleição do lider trabalhista. É irracional porque não faz a menor lógica, já se de fato ele vai destruir o partido, não surtirá nenhum efeito a não ser ajudar os conservadores e derrubar a si mesmo nas eleições seguintes. E é burra porque colocar Blair, os conservadores e a histeria contra...

Continue reading →


Sanders-Corbyn: Reagan-Thatcher do neosocialismo?

Tsipras, Iglesias, Bernie Sanders, Jeremin Corbyn, quem será a próxima peça do dominó? O New Labour, esse produto autoral de Margareth Thatcher, como ela próprio afirmou, está em cheque. Todas as forças se reúnem para expurgar sua embriogênese, seu “espectro assombra a Europa”. Ao que parece, pela primeira vez, os efeitos da crise de 2008 começam a provocar seus anticorpos políticos, seus “radicais livres” alcançam o centro capitalista. Todo o intenso bombardeio midiático parece não surtir mais efeitos na contenção, os diques psicológicos se romperam.

A eleição de Corbyn é matematicamente certa, ajudado pela impopularidade da principal oposição interna (Blair e os blairistas) que apenas reforçam ainda mais suas chances. A histeria da imprensa britânica também dá a ele ainda mais projeção e destaque do que teria. As circunstâncias conspiram cada vez mais a favor, quanto mais forças...

Continue reading →


Esquerdismo como ala progressista do liberalismo.

Reza a lenda que tudo começa com a queda do Muro de Berlin, mas o que ocorreu de fato foi que a vitória americana se deu com a capitulação de Moscou** na Guerra Fria (a própria queda do muro foi iniciativa soviética). E também fato foram suas consequências, empurrando todas as forças políticas à direita.

Assim, socialistas revolucionários (comunistas) se tornaram socialistas reformistas (social-democratas), socialistas reformistas se tornaram liberalistas* progressistas (esquerda), liberal-progressistas se tornaram liberal-conservadores (direita), conservadores se tornaram reacionários (extrema-direita), e por fim, anarquistas se tornaram “anarquistas”.

Enquanto o socialismo reformista (como de um Bernie Sanders) enfoca questões sanitárias básicas, como saúde, educação e moradia, o esquerdismo é mundialmente pautado pela direita do partido Democrata norte-americano que se resume a...

Continue reading →


Syriza: o preço da rendição

Críticas políticas, quando já conhecidas as consequências, devem ser cautelosas, pois para cada escolha hipotética sugerida novas reações diferentes seriam geradas. Mas a história é sempre uma grande professora. Uma das lições da rendição do Syriza é que, pelo menos na conjuntura atual da UE, o Euro é a austeridade, não é possível sair da austeridade sem sair do Euro, e governo do Syriza não foi capaz de resolver esse Enigma antes de ser devorado por ele.

O ponto central é que o Syriza ameaçava a sobrevivência política dos governos conservadores da Europa, seja da própria liderança pró-austeridade do governo Merkel, seja pela submissão a essa liderança dos governos de Portugal e Espanha, ou mesmo pela covardia cúmplice dos governos da França e da Itália. Na Alemanha um novo orgulho supremacista propagava os gregos e outros povos endividados como povos relapsos, irresponsáveis e...

Continue reading →


Breaking Bad: algo diferente de tudo que você já assitiu

Nossos olhos viciados de heróis, anti-heróis, clichês, estereótipos, final felizes, explosões, Game of Thrones, etc não estão preparados, não adianta tentar, você não vai conseguir capitará-lo em seus preconceitos televisivos…

E isso lhe intriga, você pensa: ele vai cair em um clichê, ele não vai resistir, não é possível! Uma mercadoria televisiva não pode ser tão adulta, tão arriscada, nem tão diferente. Ele vai se render. Você chega a imaginar o produtor arrancando os cabelos e gritando no set, vociferando, alucinado: isso não vende! cadê a donzela, cadê o herói, cadê os efeitos especiais! E isso te intriga e te leva para o episódio seguinte e o seguinte.

Não pode se dizer que Breaking Bad sai puro de cada episódio, mas é incrível, mas a impressão é essa, sua autenticidade parece ser inflexível, e você dobra o ceticismo no episódio seguinte. De repente você vê e episódio acabou, no...

Continue reading →


Divide Et Impera: ainda há alguma União Européia?

Não é segredo para ninguém, não precisa ser um professor de geopolítica ou um pós-graduado em economia para saber que há no mundo hoje somente um competidor real da hegemonia americana: União Européia.

Somente a UE é suficientemente influente, culturalmente desenvolvida, militarmente competitiva e economicamente forte (é a maior economia do mundo) para concorrer por hegemonia. E de fato, um mundo exausto e enjoado de tanto americanismo, isso seria bem vindo.

Há outros? Uma China comunista, uma Rússia oriental, uma Índia miserável, o islamismo de qualquer feição? Cuba? Todos tem recursos, possibilidades e capacidade de resistência, mas para os próximos 30 anos nenhum é páreo com EUA a não ser, agora, nesse exato momento, a UE.

A UE é a única economia do mundo com uma moeda capaz de rivalizar com o dólar. Não é uma ideia ou uma possibilidade, é uma constatação.

Contudo, quando vemos o...

Continue reading →


Quantative Easing: um House of Cards financeiro?

O Quantitave Easing nasceu como uma política econômica não-convencional para aumentar a liquidez quando os juros estivessem próximos a zero. A ideia é simples, o governo recompra sua dívida que está nos bancos, com isso os bancos tem mais dinheiro para emprestar, logo o consumo e a produção aumenta, portanto, eis a maravilha: mais crescimento econômico!

Então veio o QE1, logo seguido pelo QE2, o QE3 não tinha nem mais prazo, persistiria até gerar sua mágica. Porque não funcionou?

Desde que o desenvolvimentismo (keynesianismo) colapsou em uma estagflação mundial, tomou seu lugar um conjunto bem articulado de economistas de escola monetarista, exumando todo o credo liberalista dos escombros da Grande Depressão.

O pacto social americano do pós-guerra exigia salários altos garantidos por um forte sindicalismo para gerar consumo suficiente de suas mercadorias, porque o diagnóstico da...

Continue reading →


Neoudenismo agora, nesses dias de golpismos obscenos…

Já está claro o que a direita fará até o último dia de mandato de Dilma, é desestabilização sem fim, manchetes cada vez mais delirantes, sem parar, sem alívio. Estão correndo contra o tempo, pois as mídias estão sendo engolidas pela internet, estão com audiência, publicidade e influência em queda livre. A agência de subornos da CIA sofre a crise do império frente a ascenção da China comunista. A corrida contra o tempo não é uma opção ou escolha para eles.

Imagina o quanto custa a seus editorialistas incasáveis o abraço de Obama no Raúl Castro depois de tantos anos de propaganda anti-Cuba.

A questão é mesmo o que fazer? O que podemos fazer quando a Globo divulga a exaustão meia dúzia de paneleiros enquanto oculta greves gigantescas de professores em estados governados por tucanos? O que fazer já está sendo feito. A questão é que não temos recursos, não se criou recursos para combater...

Continue reading →


Além dos Outdoors: sobre a curiosa história da Revolução Islandesa que ninguém viu…

Há muitas sintomas do orwelliano mundo que vivemos, mas quando um dia essa “idade média” passar, se passar, será a Revolução Islandesa seu maior símbolo. Essa revolução é talvez a história de uma revolução mas bem ocultada, silenciada e censurada da história humana, para, talvez, 90% da população mundial, ela sequer existiu. É um sintoma de nosso tempo.

O documentário Inside Job revela um pouco dessa história não-contada. Antes da crise de 2008, o país era um admirado modelo de economia liberal adorado pelos mercados. Quando veio a crise financeira de 2008, toda a fictícia prosperidade, inflada por operações especulativas ou duvidosas, ruiu. Três bancos vão a falência, 85 bilhões de dólares em perdas, desemprego cresce nove vezes, dívida de 900% do PIB, a moeda se desvaloriza 80% e o PIB decresce 11%. O país-modelo vira uma catástrofe, mesmo com todo seu “fundamentalismo de mercado”.

...

Continue reading →


Olavo e o Dalai-Lama marxista

Esse é um artigo em resposta a um panfleto anti-comunista de 2003 publicado em O Globo sobre a declaração de Dalai Lama ser marxista por um tal de Olavo de Carvalho, o guru do arqui-udenismo histérico.

O “sumo-intelectual” da Veja inicia com sua conhecida elegância intelectual: um Dalai-Lama se declarar marxista o torna “meio mentiroso, meio idiota”. Em que parte e porque a mentira e a idiotice está na equação ninguém descobrirá no seu panfleto simultaneamente mentiroso e idiota.

O astrólogo-teólogo-de-conspiração, que entre outras pérolas alegar ser a ONU um espécie de Internacional Comunista camuflada e denuncia o grande capitalista como “fomentador do comunismo”, afirma:

“campanha mundial para branquear a imagem do marxismo, desvinculando-o de qualquer responsabilidade pelos regimes genocidas que criou”

Porque não Revel, um ex-marxista como ele, uma boa oportunidade para não...

Continue reading →